domingo, janeiro 11, 2009

Teatro

O teatro do mestre Chico



Roda viva - Escrita em 1968 e dirigida por Zé Celso Martinez
Corrêa, fez
sucesso no Rio na primeira montagem, com Marieta Severo e
Antonio Pedro. Tinha
cores revolucionárias e um texto dinâmico, forte e rico
em dramaturgia. Na
segunda montagem, com Marília Pêra, Pedro Paulo Rangel,
Antonio Pedro, Peréio e
Flávio Santiago, o espetáculo foi proibido pelo
Comando de Caça aos Comunistas,
que invadiu o teatro e espancou artistas,
destruindo o cenário. Além de seu
cunho artístico importantíssimo, serviu
como marco contrário à presença da
ditadura no país. Mais um crédito a favor
de Chico.


Calabar - Escrita por
Chico e Ruy Guerra em 1973, foi uma das
produções teatrais mais caras da época.
Por conta da Censura do governo
militar não pôde estrear, causando um prejuízo
artístico e financeiro
imenso. Só remontaram o espetáculo seis anos mais tarde,
já liberado pela maldita Censura.
Gota d'água - Foi escrita por Chico
Buarque e Paulo
Pontes e dirigida por Gianni Ratto, com direção musical de Dory Caymmi.
Estrelada por Bibi Ferreira, teve no elenco Oswaldo Loureiro e Roberto
Bonfim. Lembro-me bem do dia em que assisti a esse musical, há praticamente 30
anos. Foi inesquecível ver a Joana feita pela Bibi, com um vestidinho preto. Ela
representava o texto e as músicas do Chico de uma forma tão
espetacular que a
platéia ficava fascinada. As músicas são magníficas e
algumas delas, como a que
dá título ao espetáculo e a sensacional Basta um
dia, passaram para a história
das grandes músicas brasileiras. Ouvir e ver a
Bibi cantando dramaticamente
essas canções era uma sensação de arrepiar até
defunto.


Ópera do malandro -
De Chico Buarque. A primeira montagem teve
produção de Ary Fontoura e direção
musical de John Neschling. No elenco,
entre outros, Marieta Severo, o próprio
Ary, Otávio Augusto e Elba Ramalho.
Fui assistir à nova montagem, em cartaz no
Teatro Carlos Gomes. Fiquei
encantado com a reação do público, que aplaude
milhares de vezes e sai do
teatro cantando a canção O malandro. Todos felizes e
gratificados por terem
visto uma coisa que preenche seus olhos e corações. O
espetáculo cumpre
a função maravilhosa de resgate da memória de uma obra
sensacional que tem
uma dramaturgia exemplar e canções de uma importância sem limites para a
música brasileira. A parte musical e vocal é perfeita. Os
eficientes
arranjos feitos pela maestrina Liliane Secco e a competência dos músicos em
cena demonstram a sabedoria da direção musical de Cláudio Botelho. Os
atores/cantores têm vozes de uma maneira geral qualificadíssimas, com
destaque
para a interpretação de Palavra de mulher, executada por Alessandra
Maestrini,
que é, com todas as letras do alfabeto, uma atriz competente e
uma excelente
cantora. Lucinha Lins mostra mais uma vez sua ótimacondição
de cantora e busca
de uma forma caricatural, perigosa, corajosa, mas
bastante segura e objetiva, a
sua interpretação para o personagem Vitória.
Alexandre Schumacher faz o grande
malandro adequadamente e sua voz, quando
não impostada, apresenta um timbre
lindo.
Mauro Mendonça, um dos pontos
altos do espetáculo, faz o seu Duran de
forma delicada, criativa e
eficiente. O policial contraventor de Cláudio Tovar é
interpretado com
bastante veracidade. Lindo o trabalho de ator de Thelmo
Fernandes no papel
difícil e delicado de Geni. Porém, quando a canção tema é
apresentada, já
não se sente a mesma eficácia no canto.
As prostitutas e os
malandros
têm uma excelente atuação vocal e cênica, com destaque para a linda voz do
ator Ronnie Marruda. Desnecessária a figura da criança que entra em cena,
sujando a beleza da canção Uma canção desnaturada. Os figurinos algumas vezes
são inadequados, principalmente no que diz respeito a acabamento, e àsvezes
retratam mais os gângsteres americanos do que a tradicional
malandragem da Lapa.
A direção cênica é eficaz e ágil, sendo que tanto os
figurinos como a direção e
o cenário são de Charles Möeller. Inteligente
a mistura das canções
compostas para o filme e para a peça. O incrível é
perceber a disposição e a
coragem de produtores, diretores e artistas - e a
visibilidade de patrocinadores
- para remontar um espetáculo de importância
para a dramaturgia musical
brasileira. A obra de Chico é um patrimônio para
a cultura e a história de
qualquer país. O Brasil é uma nação abençoada por
ter entre seus filhos alguém
como ele, que veste a história de seu povo com
tanta veracidade e poesia.




2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Oi minha linda!
    Eu removi o comentário porque fiz o comentário na postagem errada.
    Perdão.
    Parabéns pelo blog.
    Mil beijos e muita paz.

    ResponderExcluir