quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Obra recupera a história da família de Chico Buarque
Obra recupera a história da família de Chico Buarque
'Buarque - Uma Família Brasileira', em 2 vols, foi escrito pelo primo de Chico, Bartolomeu Buarque de Holanda
Pesquisa sobre a família de Chico Buarque de Holanda será lançada pela Casa da Palavra SÃO PAULO -
Se Chico Buarque seguisse cantando os versos de Paratodos? O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano...? ele chegaria a José Ignácio Buarque de Macedo, um dos patriarcas da família. Na realidade, a árvore genealógica de Chico nasceu da união de José Ignácio Buarque de Macedo, um dos mais poderosos senhores de engenho do nordeste, que se casou com a ex-escrava e analfabeta Maria José Lima.
A história está em Buarque - Uma Família Brasileira.Por volta de 1790, Maria José Lima colocou a educação como prioridade na família. O historiador Sérgio Buarque de Hollanda foi seu trineto. Aurélio, Cristovam, Miúcha e Chico Buarque, seus tetranetos e Bebel Gilberto, sua pentaneta. O primo de Chico, Bartolomeu Buarque de Holanda, registrou em dois volumes a história da família que será lançada este mês pela editora Casa da Palavra.
No primeiro volume, um ensaio com 1.200 páginas, as informações são bem técnicas e procuram descobrir a origem da família Buarque. De acordo com a pesquisa, o número já chega a 10 mil descendentes.
No segundo volume, em forma de romance, o autor conta toda a saga da família. Para escrever a obra, o autor disse ter levado 25 anos pesquisando 15 mil documentos. O romance, no entanto, privilegia a história de Maria José Lima que, segundo o autor, soube como poucos valorizar o estudo e a educação.
domingo, fevereiro 15, 2009
Correio Braziliense - 02/09/99
Por José Rezende Jr., da equipe do Correio
Aos 55 anos, o autor de grandes clássicos da MPB diz que está mais interessado no prazer do que no sucesso
"Hoje, cobra-se cachê para cantar não importa para quem. Amanhã podem perguntar: 'Quanto você cobrou para cantar no comício do Lula, na Marcha dos 100 Mil?'"
Marcos Fernandes
Às vezes, ele estica a perna e já não consegue alcançar a bola. Mas parece ser esse o único efeito nocivo do tempo sobre o artista. Aos 55 anos, Chico Buarque compõe, grava e faz show quando quer. Cada vez menos, cada vez melhor. Com 300 mil cópias vendidas do último CD, As Cidades, lançado depois de um silêncio de cinco anos, não está muito interessado em fazer sucesso - principalmente se isso incluir aparições nos programas do Faustão e do Gugu. "Caetano (Veloso) fez a opção dele. Eu quero fazer o que me dá vontade, o que eu acho bom", afirma, sem criticar o caminho escolhido pelo intérprete de Sozinho. Ausente da Marcha dos 100 Mil, o autor de clássicos da resistência musical como Apesar de Você e Cálice (cujas metáforas, admite, ele próprio já não compreende) defende mudanças na política econômica e a investigação de alguns negócios do governo, como a privatização das teles. E critica o comércio, que, no lugar da ideologia, hoje envolve a participação dos artistas em campanhas políticas. "Cobra-se cachê para cantar não importa para quem."
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Começa o documento por tratar da questão da "homossexualidade", quando já é de conhecimento de todos que
"...homossexualismo deixou de ser doença. Á décima revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), da Organização Mundial de Saúde, exclui, depois de quase vinte anos, o homossexualismo como doença.'
mais adiante, conclui o mesmo autor que "É, comprovadamente, uma opção de vida."
Em decorrência da não caracterização da homossexualidade como doença, o termo homossexualismo deixou de constar nos diagnósticos da CID-10, pois, o sufixo "ismo" que significa doença, foi substituído por "dade" que designa modo de ser. Segundo os médicos o homossexualismo não pode mais ser
"...sustentado enquanto diagnóstico médico. Isto porque os transtornos dos homossexuais realmente decorrem muito mais de sua discriminação e repressão social derivados do preconceito do seu desvio sexual. Desde 1991, a Anistia Internacional considera violação aos direitos humanos a proibição da homossexualidade."
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Mil Perdões
Outra amostra
da sensibilidade
feminina De Chico!!
Te perdôo Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais
Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de t
iTe perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)
Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair...
Puta Que Pariu! Me perdoem...
Gota D'água
Gota d'água
Chico Buarque
Já lhe dei meu corpo
terça-feira, janeiro 27, 2009
Nota sobre Trocando em miúdos
Análise literária de Maria Helena Sansão Fontes
Em "Trocando em miúdos" (1978), o tom arrebatador presente em "Pedaço de mim" cede lugar a uma leve ironia com que se percebe a intenção de encobrir o sentimento de perda. A suposta superação do desconforto gerado pela dissolução do relacionamento amoroso é sintetizada pelo próprio título do poema que se reveste de elementos do cotidiano:
Os elementos representativos da intimidade conjugal revelados pelas expressões "medida do Bonfim"; "disco do Pixinguinha", "As marcas de amor nos nossos lençóis", são dessacralizados através da conotação irônica emprestada por palavras que encobrem a dor contida e velada do eu-emissor: "Aquela esperança de tudo se ajeitar/Pode esquecer/Aquela aliança você pode empenhar/ Ou derreter".
A dor da perda e o temor do descontínuo, que são tratados com intenso dilaceramento nos poemas analisados anteriormente, como "Eu te amo" ou "Pedaço de mim", aqui evidenciam intencional esvaziamento do pathos, revelando-se apenas em alguns versos em que o teor dramático supera a ironia que tenta encobri-lo: "Mas devo dizer que não vou lhe dar/ O enorme prazer de me ver chorar/ Nem vou Ihe cobrar pelo seu estrago/ Meu peito tão dilacerado".
A última estrofe retoma o tom de intencional desprendimento, e, através do verso "Eu levo a carteira de identidade", há a sutil aceitação da descontinuidade, resgatada com o fim do relacionamento amoroso.
Sem fantasia - Masculino e feminino em Chico BuarqueMaria Helena Sansão Fontes - Editora Graphia, 1999
Trocando em miúdos
Francis Hime - Chico Buarque/1978
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim ?O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás Aceite uma ajuda do seu futuro amor Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Cálice
Este poema ao mesmo tempo em que recria o medo e a opressão provocados pelo período ditatorial nos demonstra o quanto a impotência social preenche todo o tecido social e imaginário, não só o poeta sofre com o povo, mas também ele sofre do mesmo mal do povo.