quinta-feira, janeiro 29, 2009
Mil Perdões
Outra amostra
da sensibilidade
feminina De Chico!!
Te perdôo Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas Ninguém faz
Te perdôo
Por pedires perdão
Por me amares demais
Te perdôo
Te perdôo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdôo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
Te perdôo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de t
iTe perdôo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)
Te perdôo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdôo
Te perdôo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdôo
Por te trair...
Puta Que Pariu! Me perdoem...
Gota D'água
Gota d'água
Chico Buarque
Já lhe dei meu corpo
terça-feira, janeiro 27, 2009
Nota sobre Trocando em miúdos
Análise literária de Maria Helena Sansão Fontes
Em "Trocando em miúdos" (1978), o tom arrebatador presente em "Pedaço de mim" cede lugar a uma leve ironia com que se percebe a intenção de encobrir o sentimento de perda. A suposta superação do desconforto gerado pela dissolução do relacionamento amoroso é sintetizada pelo próprio título do poema que se reveste de elementos do cotidiano:
Os elementos representativos da intimidade conjugal revelados pelas expressões "medida do Bonfim"; "disco do Pixinguinha", "As marcas de amor nos nossos lençóis", são dessacralizados através da conotação irônica emprestada por palavras que encobrem a dor contida e velada do eu-emissor: "Aquela esperança de tudo se ajeitar/Pode esquecer/Aquela aliança você pode empenhar/ Ou derreter".
A dor da perda e o temor do descontínuo, que são tratados com intenso dilaceramento nos poemas analisados anteriormente, como "Eu te amo" ou "Pedaço de mim", aqui evidenciam intencional esvaziamento do pathos, revelando-se apenas em alguns versos em que o teor dramático supera a ironia que tenta encobri-lo: "Mas devo dizer que não vou lhe dar/ O enorme prazer de me ver chorar/ Nem vou Ihe cobrar pelo seu estrago/ Meu peito tão dilacerado".
A última estrofe retoma o tom de intencional desprendimento, e, através do verso "Eu levo a carteira de identidade", há a sutil aceitação da descontinuidade, resgatada com o fim do relacionamento amoroso.
Sem fantasia - Masculino e feminino em Chico BuarqueMaria Helena Sansão Fontes - Editora Graphia, 1999
Trocando em miúdos
Francis Hime - Chico Buarque/1978
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim ?O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás Aceite uma ajuda do seu futuro amor Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Cálice
Este poema ao mesmo tempo em que recria o medo e a opressão provocados pelo período ditatorial nos demonstra o quanto a impotência social preenche todo o tecido social e imaginário, não só o poeta sofre com o povo, mas também ele sofre do mesmo mal do povo.
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Anos 80
Jair Rodrigues, Nara Leão e Chico Buarque
Cartola
Adoniran Barbosa
domingo, janeiro 11, 2009
Teatro
Roda viva - Escrita em 1968 e dirigida por Zé Celso Martinez
Corrêa, fez
sucesso no Rio na primeira montagem, com Marieta Severo e
Antonio Pedro. Tinha
cores revolucionárias e um texto dinâmico, forte e rico
em dramaturgia. Na
segunda montagem, com Marília Pêra, Pedro Paulo Rangel,
Antonio Pedro, Peréio e
Flávio Santiago, o espetáculo foi proibido pelo
Comando de Caça aos Comunistas,
que invadiu o teatro e espancou artistas,
destruindo o cenário. Além de seu
cunho artístico importantíssimo, serviu
como marco contrário à presença da
ditadura no país. Mais um crédito a favor
de Chico.
Calabar - Escrita por
Chico e Ruy Guerra em 1973, foi uma das
produções teatrais mais caras da época.
Por conta da Censura do governo
militar não pôde estrear, causando um prejuízo
artístico e financeiro
imenso. Só remontaram o espetáculo seis anos mais tarde,
já liberado pela maldita Censura.
Gota d'água - Foi escrita por Chico
Buarque e Paulo
Pontes e dirigida por Gianni Ratto, com direção musical de Dory Caymmi.
Estrelada por Bibi Ferreira, teve no elenco Oswaldo Loureiro e Roberto
Bonfim. Lembro-me bem do dia em que assisti a esse musical, há praticamente 30
anos. Foi inesquecível ver a Joana feita pela Bibi, com um vestidinho preto. Ela
representava o texto e as músicas do Chico de uma forma tão
espetacular que a
platéia ficava fascinada. As músicas são magníficas e
algumas delas, como a que
dá título ao espetáculo e a sensacional Basta um
dia, passaram para a história
das grandes músicas brasileiras. Ouvir e ver a
Bibi cantando dramaticamente
essas canções era uma sensação de arrepiar até
defunto.
Ópera do malandro -
De Chico Buarque. A primeira montagem teve
produção de Ary Fontoura e direção
musical de John Neschling. No elenco,
entre outros, Marieta Severo, o próprio
Ary, Otávio Augusto e Elba Ramalho.
Fui assistir à nova montagem, em cartaz no
Teatro Carlos Gomes. Fiquei
encantado com a reação do público, que aplaude
milhares de vezes e sai do
teatro cantando a canção O malandro. Todos felizes e
gratificados por terem
visto uma coisa que preenche seus olhos e corações. O
espetáculo cumpre
a função maravilhosa de resgate da memória de uma obra
sensacional que tem
uma dramaturgia exemplar e canções de uma importância sem limites para a
música brasileira. A parte musical e vocal é perfeita. Os
eficientes
arranjos feitos pela maestrina Liliane Secco e a competência dos músicos em
cena demonstram a sabedoria da direção musical de Cláudio Botelho. Os
atores/cantores têm vozes de uma maneira geral qualificadíssimas, com
destaque
para a interpretação de Palavra de mulher, executada por Alessandra
Maestrini,
que é, com todas as letras do alfabeto, uma atriz competente e
uma excelente
cantora. Lucinha Lins mostra mais uma vez sua ótimacondição
de cantora e busca
de uma forma caricatural, perigosa, corajosa, mas
bastante segura e objetiva, a
sua interpretação para o personagem Vitória.
Alexandre Schumacher faz o grande
malandro adequadamente e sua voz, quando
não impostada, apresenta um timbre
lindo.
Mauro Mendonça, um dos pontos
altos do espetáculo, faz o seu Duran de
forma delicada, criativa e
eficiente. O policial contraventor de Cláudio Tovar é
interpretado com
bastante veracidade. Lindo o trabalho de ator de Thelmo
Fernandes no papel
difícil e delicado de Geni. Porém, quando a canção tema é
apresentada, já
não se sente a mesma eficácia no canto.
As prostitutas e os
malandros
têm uma excelente atuação vocal e cênica, com destaque para a linda voz do
ator Ronnie Marruda. Desnecessária a figura da criança que entra em cena,
sujando a beleza da canção Uma canção desnaturada. Os figurinos algumas vezes
são inadequados, principalmente no que diz respeito a acabamento, e àsvezes
retratam mais os gângsteres americanos do que a tradicional
malandragem da Lapa.
A direção cênica é eficaz e ágil, sendo que tanto os
figurinos como a direção e
o cenário são de Charles Möeller. Inteligente
a mistura das canções
compostas para o filme e para a peça. O incrível é
perceber a disposição e a
coragem de produtores, diretores e artistas - e a
visibilidade de patrocinadores
- para remontar um espetáculo de importância
para a dramaturgia musical
brasileira. A obra de Chico é um patrimônio para
a cultura e a história de
qualquer país. O Brasil é uma nação abençoada por
ter entre seus filhos alguém
como ele, que veste a história de seu povo com
tanta veracidade e poesia.
Você bebe cerveja ouvindo música sertaneja?
Ana Carolina tem muito Bom gosto!!
Ana Carolina (Ana Carolina Souza)
Nascida em Juiz de Fora (MG) em 9 de setembro de 1974
Sua influência musical vem do berço, sua avó cantava em rádio, seus
tios-avós tocavam percussão, piano, cello e violino. Ana Carolina cresceu
ouvindo ícones da música brasileira Chico Buarque, João Bosco, Maria
Bethânia;
na sua preferência internacional destaca-se Nina Simone, Bjork
e
Alanis
Morrissete. Ainda na adolescência, iniciou a carreira de
cantora
apresentando-se
em bares de sua cidade natal.
A Inveja
Chico Buarque consegue ser famoso por
suas idéias próprias.
Ele parece pacato diante da fauna sensacionalista que
dança "funk carioca" e se diverte nas ditas "baladas".
Sua simplicidade
irrita até mesmo o Paulo César Araújo, o professor e jornalista que promoveu a
ressurreição da música brega.
Araújo sonha em ver o Chico Buarque
associado ao "milagre brasileiro", enquanto seus ídolos de infância,
Odair
José, Waldick Soriano e Dom & Ravel são creditados como "subversivos", numa
surreal inversão de valores.
Araújo, com seu rol de absurdos, ganhou os
louros da grande mídia, que, na crise de identidade cultural,
viu na
música brega a trilha sonora perfeita, a trilha do Brasil do "mensalão" e do
"valerioduto",
e de uma Petrobras auto-suficiente mas que foi expulsa
da Bolívia pelo projeto nacionalista do presidente daquele país, Evo
Morales.
Os ídolos bregas nunca representaram ameaça ao regime militar,
do contrário que sonha PC Araújo,
mas sua lorota, tocando no lado emocional
da população, acabou convencendo a mídia.
Chico, sim, tem opiniões. Ele
reconhece erros no governo Lula e no PT, mas não sucumbe ao rancor
gratuito.
Sua pessoa é sensata e sua música, coerente. Ele seria visto
como pessoa normal, se o Brasil fosse um país inteligente.
Até chegou a ser,
nos tempos de Juscelino a Jango. Mas a ditadura emburreceu o país. "Normal" é
pagodeiro falar da "energia da galera". Lamentável.
Conhecido como Chico Buarque
e escritor brasileiro.
Filho do historiador Sérgio
Buarque de Hollanda, iniciou sua carreira na década de
1960, destacando-se em 1966,
quando venceu, com a canção A Banda, o Festival
de Música Popular Brasileira. Em 1969, com
a crescente repressão da Ditadura
Militar no Brasil, se auto-exilou na Itália,
tornando-se, ao retornar, um dos artistas mais ativos na crítica política e pela democratização
do Brasil.
Na carreira literária, foi ganhador do Prêmio
Jabuti, pelo livro Budapeste,
lançado em 2004.
Casou-se
e separou-se com a atriz Marieta
Severo, com quem teve três filhas: Sílvia,
que é atriz e casada com Chico
Diaz, Helena, casada com o percussionista Carlinhos
Brown e Luísa. É irmão das cantoras Miúcha,
Ana de Hollanda e Cristina.
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Tem dias que a gente se sente